domingo, 19 de abril de 2009

Aula 3: A obra de arte na era de sua reprodutividade técnica

Ata da aula: 01/04/09 – por Irene de Barcelos Alves
Walter Benjamin
Texto: A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica.

Preliminares:
*Apresentação da Profª Ludmila Thomé de Andrade, que regressou do seu pós-doutorado na França e ministrará a disciplina junto com a Profª Patrícia Corsino.
*Informe sobre o blog da disciplina, confeccionado pela aluna Kaé.

Pontos abordados:

-As diferenças entre as diversas versões dos textos de Benjamin, como o acréscimo da citação de Paul Valéry na abertura do texto na edição de Os Pensadores.
-A comparação da forma textual presente na obra em questão com O Narrador. Enquanto o primeiro se apresenta fragmentado, o segundo vem na forma de um texto corrido. Mesmo assim é possível se perceber o estilo de Benjamin ao retomar, ao longo do texto, idéias que já foram abordadas, acrescentando novos aspectos, desenvolvendo assim um constante ir e vir.

Foram destacadas as idéias:
-A arte é coletiva, não individual. Ela é a presença do contemporâneo, na medida em que está carregada da subjetividade da sua época. Reforça a idéia de que o mundo objetivo é ideológico.
-A arte como expressão da linguagem e do sujeito da linguagem, capaz de alterar o outro e se alterar.
-Reprodutibilidade técnica e autenticidade, onde Benjamin inicia o tópico “Em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível” (Benjamin, 1994, p.166). Foi apresentado pela Profª Patrícia o exemplo de um livro que discutia a autenticidade de algumas obras atribuídas à Aleijadinho, uma vez que este trabalhava com sistema de oficina onde outros artistas desenvolviam atividades. Foi abordado o impacto dessa revelação sobre os valores das obras de Aleijadinho no mercado de artes.
No caso da fotografia, abordado no texto, a reprodutibilidade técnica muda a relação da obra com a autenticidade ao ampliar a possibilidade de sua existência, ao “substituir a existência única da obra por uma existência serial” (Benjamin, 1994 p.168). Por outro lado, esse avanço técnico possibilita uma popularização da obra de arte – aquilo que era para poucos, hoje é para muitos. Restando a pergunta: o que se perde, o que se ganha?

Destruição da aura
Foi percebido um certo tom pessimista nesse trecho, mas por outro lado, Benjamin chama à atenção para o surgimento de uma nova linguagem – outra forma de percepção.
Ao mesmo tempo que a arte se torna instrumento de afirmação dessa sociedade capitalista, a sua popularização dá espaço para uma maior liberdade na sua apropriação.
Alguns conceitos marxistas foram resgatados pela aluna Glória, como o fetichismo da mercadoria, onde ao valor de uso é acrescido o valor simbólico. Além disso, resgatamos o posicionamento dos pensadores marxistas acerca de um compromisso com os movimentos contra hegemônicos.
Também foram discutidos os conceitos apresentados na introdução, onde Benjamin retoma a idéia de que as alterações na base econômica vão alterar, mesmo lentamente, a superestrutura. Nesse caso, Benjamin situa as observações de Marx, num contexto de ascensão do fascismo, quando vai ocorrer a apropriação da arte como instrumento de combate político.

*A seguir foi exibido um trecho do filme ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO, do diretor Peter Cohen, que mostra a trajetória e o envolvimento de Hitler e de alguns de seus colaboradores com a arte. Destaca ainda a importância da arte na propaganda. Apresenta a arte moderna como degenerada, relacionada ao bolchevismo e aos judeus. Defende o ideal de beleza como sinônimo de saúde e consequentemente prega a eliminação de todas as doenças que pudessem deformar o "corpo" do povo, o embelezamento é vinculado diretamente à limpeza.


Referências:

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.165-196.

Texto complementar:
JAMESON, Fredric. Pós-Modernidade: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 1997.

*Adaptado de www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=102, acesso em 05/04/09.

Nenhum comentário:

Postar um comentário